The report by the European Center for the Development of Vocational Training (CEDEFOP) presents data gathered in the second European survey on skills and jobs, which covered more than 46 000 workers in 29 European countries. The report maps the use of different types of digital technologies and reflects on their implications for changing task performance, needs and skills mismatches.
10-03-2023
As evidências apontadas no relatório suportam a agenda de competências digitais da União Europeia e suas metas ambiciosas que perspectivam que 80% da população possua competências digitais, pelo menos básicas, em 2030. À mesma data, a Europa pretende ter 20 milhões de especialistas em tecnologias de informação e comunicação (TIC), privilegiando a convergência de género. Conseguir que as transições digital e verde se processem de forma justa está no centro das ambições políticas da União Europeia, o que passa por implementar políticas de Educação e Formação Contínua no âmbito digital, desenhadas para alcançar os trabalhadores que mais precisam de formação nesta área e priorizando trabalhadores com baixa escolaridade, os mais velhos, mulheres, pessoas que vivem em áreas rurais e empregados de baixa ou média qualificação.
De acordo com o relatório, atualmente cerca de três em cada 10 empregos na Europa exigem apenas competências digitais básicas e apenas um em cada oito empregos não requerem competências digitais. Exigências digitais mais avançadas, como a utilização de folhas de cálculo, programação e uso de algoritmos de inteligência artificial são muito menos comuns, pedidas, no máximo, em dois em cada 10 empregos na Europa. Apesar disso, quase nove em cada 10 trabalhadores utilizam alguma aplicação digital no trabalho e quase metade viu novas tecnologias digitais serem introduzidas no seu local de trabalho entre 2020 e 2021, durante a pandemia de COVID 19, sendo que a pandemia acelerou a transformação digital, mudando abruptamente a forma como vivemos, trabalhamos e aprendemos. Segundo o relatório, as lacunas de competências digitais da população em idade ativa, sinalizam um potencial de produtividade inexplorado para a economia europeia. Os muitos trabalhadores adultos que usam apenas tecnologias digitais básicas, ou mesmo nenhuma, têm muitas vezes lacunas de competências digitais que comprometem a sua empregabilidade, produtividade e limitam as oportunidades de desenvolvimento de carreira.
Ainda de acordo com as evidências resultantes deste inquérito, entre 30 a 40% da força de trabalho da UE+ (UE, Islândia e Noruega) sairia muito beneficiada com formação adicional em competências digitais básicas e acima de básicas, de processamento de texto e folha de cálculo, como é reconhecido por muitos trabalhadores. Metade, incluindo aqueles em ocupações altamente qualificadas, considera que há espaço para desenvolver ainda mais as suas competências digitais, melhorando assim o seu desempenho. Combater a obsolescência tecnológica e permitir que os trabalhadores colham plenamente os benefícios das novas tecnologias digitais estão entre os princípios mais importantes defendidos pela UE. Apesar das lacunas generalizadas de competências digitais, a participação na educação e formação em competências nesta área permanece modesta e aqueles que precisam mais, com frequência não o fazem.
O relatório revela também que, refletindo os muitos empregos rotineiros e não complexos nos mercados de trabalho europeus, mais de um em cada dois (55%) trabalhadores adultos da UE+ não usam totalmente as suas competências no trabalho e 28% possuem qualificações de nível superior ao necessário para o exercício de suas funções. O "desperdício" do potencial de capital humano traduz-se em penalidades salariais e reduz o bem-estar dos trabalhadores.
Embora essas incompatibilidades de competências sejam mais pronunciadas entre os trabalhadores altamente qualificados, afetando normalmente três em cada 10 com qualificação superior, também são substanciais entre os trabalhadores com educação de nível secundário. Para combater as inadequações de competências, as medidas do lado da oferta são muito importantes. Implementar programas eficazes de inovação da força de trabalho, é essencial para fortalecer a educação e a formação profissional, imprescindível para qualificar a mão-de-obra. Do lado do mercado de trabalho, aumentar a procura por competências nas empresas europeias é crucial para fazer melhor uso dos trabalhadores europeus. Também as boas práticas de design de trabalho, centrado no ser humano e os investimentos digitais são igualmente fundamentais.
Continuando a integração das novas tecnologias digitais no mundo do trabalho, progressos tecnológicos mais avançados já estão no horizonte. O conceito da Indústria 4.0 surgiu há quase uma década e revelou-se no aumento exponencial da eficiência e flexibilidade da produção, enfatizando como a combinação perfeita de novas inovações em robótica e IA, alimentadas por big data pode fazer a diferença. Espera-se que as economias europeias avancem rapidamente para a Indústria 5.0. Os formuladores de políticas e pesquisadores mostram esperança de que o novo paradigma económico remodele o trabalho de modo a colocar o ser humano no centro, onde as pessoas colaboram com a tecnologia, em vez de serem substituídas por ela. Isso fará da tecnologia também um meio de alcançar objetivos sociais, além da eficiência, como sustentabilidade e bem-estar do trabalhador. O caminho para tal mercado de trabalho e sociedade não está predeterminado. As evidências que mapeiam as tendências atuais e os desenvolvimentos futuros continuarão a ser cruciais para apoiar os formuladores de políticas na tomada de ações que coloquem o bem-estar do trabalhador no centro de uma transição digital mais humana, na era da máquina.
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