O papel crucial da educação e formação profissional (EFP) é inequívoco na atual conjuntura, com a crise energética que se avizinha e a sustentabilização da economia europeia a tornar-se uma prioridade urgente. Este importante tema esteve em destaque durante a reunião dos Diretores-Gerais do Ensino e Formação Profissional (DGVT) europeus.
25-05-2022
A reunião teve lugar nos dias 16 e 17 de maio em Versalhes, França, no âmbito da Presidência francesa da União Europeia (UE) e em cooperação com a Comissão Europeia (COM).
Os organizadores acolheram os diretores-gerais de EFP de 23 países da UE, de cinco países candidatos, da Noruega, bem como representantes da COM, dos parceiros sociais europeus, do Cedefop - Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional e da Fundação Europeia para a Formação Profissional.
Entre os temas abordados estiveram a mobilidade inclusiva na EFP, as estratégias de cooperação e internacionalização e a EFP na transição verde.
A COM anunciou uma próxima recomendação do Conselho Europeu sobre transição justa para a neutralidade climática, que está em fase final e incluirá ações sociais e de emprego e um pacote específico sobre educação e formação.
O Diretor Executivo do Cedefop, Jürgen Siebel, destacou a combinação de necessidades de curto e médio prazo feitas aos Estados-Membros da UE como resultado da guerra na Ucrânia e da crise energética que se avizinha. De acordo com o Diretor do Cedefop, o acordo verde europeu implica grandes mudanças na necessidade de competências do setor da energia. É conhecida a vontade e o esforço da UE para a independência energética. No entanto, esta independência significa que a transição verde terá de ganhar velocidade, o que exigirá um acelerar dos esforços para fornecer aos cidadãos competências necessárias através da EFP, seja inicial ou no contexto da aprendizagem ao longo da vida. A aceleração do trabalho nesta área será ao mesmo tempo um incentivo para reposicionar a EFP, redefinindo as profissões e tornando-as mais atrativas.
Na reunião, foi referida a importância dos professores e outros membros do sistema de educação e formação, como formadores e influenciadores de opiniões e atitudes. Precisam de ser formados e informados, para terem as ferramentas de formação necessárias que lhes permitam ser verdadeiros embaixadores da sustentabilidade. Apenas se viverem de acordo com esses valores, poderão influenciar os formandos nessa direção.
Durante o encontro, foram apresentados os resultados da terceira edição do Índice de Competências do Cedefop, que avalia o desempenho dos sistemas de competências europeus e as melhorias conseguidas ao longo do período de rápida transição dos últimos anos. A investigação abarca três dimensões: desenvolvimento de competências, ativação de competências e correspondência de competência.
Na ativação de competências, que inclui indicadores de transição da educação para o trabalho e taxas de atividade do mercado de trabalho, os resultados dos países de menor desempenho deterioraram-se, principalmente devido ao impacto da pandemia e aos mercados de trabalho e economias menos resilientes.
No desenvolvimento de competências, que equivale às atividades de educação e formação profissional do país e aos seus resultados, bem como na correspondência de competências, que representa o grau de utilização bem-sucedida das competências adquiridas, as tendências reveladas são um pouco mais positivas. Os países de baixo desempenho melhoraram os seus resultados, a uma taxa mais alta do que os países líderes na matéria. Isto deve ser lido como um sinal de alguma convergência.
No ESI de 2022, Portugal ocupa a 24ª posição no grupo dos 31 países analisados, mantendo a mesma posição geral que no índice de 2020, embora ocupando a última posição no grupo de países de "médio desempenho". Na dimensão desenvolvimento de competências, Portugal ocupa o 27º lugar, mantendo a mesma pontuação que em 2020, com todos os indicadores ao nível de 2020. No sub-dimensão "formação e outra educação" os indicadores "frequência recente de formação", "Alunos de EFP" e "nível de conhecimentos informáticos" a evolução é residual em relação a 2020.
Os participantes da reunião tiveram ainda a oportunidade de visitar um dos campus franceses de EFP. Em França, existem atualmente 116 campus em 12 setores líderes do futuro, como mobilidade, aeronáutica, transporte terrestre e marítimo, química e biotecnologia, digital, telecomunicações, transição energética e eco-indústria.
Um campus é uma rede que reúne todas as partes interessadas num setor empresarial do futuro, ao nível regional, com o objetivo de desenvolver as competências exigidas pelas indústrias de hoje e de amanhã. Envolve escolas (ensino secundário superior geral, tecnológico e profissional), instituições de ensino superior, organizações de formação, laboratórios de investigação, empresas e associações.
Ao oferecer educação e formação profissional inicial e contínua em setores de ponta, os campus ajudam a melhorar as oportunidades profissionais tanto para jovens quanto para adultos.
Aceda à notícia do PO CH sobre o Índice de Competências 2022