No âmbito do Ano Europeu das Competências, o Comité Económico e Social Europeu (CESE) realizou, a 10 de março, uma conferência, em formato híbrido, sobre “Competências e talentos como motores essenciais da realização pessoal, do crescimento económico e da competitividade”. O objetivo foi avaliar as necessidades e emitir recomendações sobre o desenvolvimento de competências na União Europeia.
17-03-2023
Persiste, na Europa, uma preocupação central relativamente à competitividade europeia, a par da sustentabilidade ambiental e do modelo social europeu. O paradigma para passa por olhar para a força de trabalho cada vez mais qualificada para enfrentar os desafios das transições verde e digital e promovendo a empregabilidade no novo mundo do trabalho. Na conferência, foi enfatizada a necessidade de munir as pessoas com as competências adequadas, condição fundamental para responder à escassez de mão-de-obra no mercado de trabalho, onde as empresas lutam para encontrar trabalhadores qualificados.
Embora a formação académica desempenhe um papel vital, a educação e formação profissional (EFP) e a aprendizagem em contexto laboral são fundamentais, pois permitem identificar e antecipar as necessidades do mercado e dar-lhes resposta. Esta foi uma das principais conclusões da conferência que foi aberta pela presidente do CESE, Christa Schweng e pelo comissário para o Emprego e os Direitos Sociais, Nicolas Schmit. O evento contou também com contribuições de representantes de parceiros sociais e organizações da sociedade civil.
"Desenvolver competências e talentos é uma forma de todos saírem a ganhar. É uma forma de capacitar, de promover a realização pessoal e boas carreiras, bem como de permitir que as empresas, especialmente as pequenas e médias, funcionem, prosperem, inovem e criem empregos e crescimento" disse Christa Schweng ao abrir a conferência.
A necessidade de preservar e reforçar a competitividade europeia, foi defendida pelo Comissário Europeu, Nicolas Schmit, na sua intervenção. Destacou a importância de trabalhar nos sistemas educacionais europeus adaptando-os ao mundo em mudança e salientou a importância das competências que "são mais do que educação". Segundo o Comissário, é especialmente importante fazer a ligação com a realização pessoal, pois as percepções do trabalho e dos valores entre os jovens estão a mudar. As soft skills são importantes para empresas inovadoras e competitivas e também podem contribuir para a realização pessoal".
Durante a Conferência, a Presidência Sueca do Conselho da União Europeia frisou a importância da discussão sobre as condições para que indivíduos e empresas possam obter as competências necessárias para a transição verde, integrando a perspetiva de género.
A conferência debruçou-se ainda sobre a educação e formação profissional, incluindo a formação em contexto de trabalho, particularizando a aprendizagem como uma excelente forma de preparar as pessoas para os desafios que se avizinham.
Sophia Metelius, Secretária de Estado do Ministro Sueco do Emprego e Integração, Johan Pehrson, descreveu os programas de Ensino Profissionalizante Superior disponíveis na Suécia, onde as empresas desempenham um papel activo no planeamento e preparação dos conteúdos. Como resultado, mais de 90% dos alunos dos programas estão empregados dentro de um ano após a formatura. Destes, mais de metade trabalha para a empresa onde realizou a formação em contexto de trabalho.
Mara Brugia, vice-diretora do Cedefop, referiu-se à ligação crucial entre a transição verde e a digitalização, uma vez que esta última é o principal motor para uma economia mais ecológica. Observou que, na maioria das ocupações que desempenham um papel fundamental na transição verde, o desenvolvimento e uso de tecnologia e competências digitais é essencial, acrescentando que, quando o "verde" é o objetivo, o "digital" é frequentemente o meio para lá chegar. Desta forma, não podia deixar de destacar o papel fundamental do ensino e formação profissional na preparação de profissionais indispensáveis na aceleração da transição verde.
A Europa enfrenta o enorme desafio de capacitar as pessoas, principalmente os adultos, para que obtenham e preservem as competências necessárias para encontrar e manter um emprego. No decorrer da conferência foi ainda defendido que, as abordagens baseadas no trabalho para melhorar as competências são muito mais adequadas do que a educação em sala de aula ou cursos de formação de longa duração.
A aprendizagem é tida como uma excelente forma de jovens e adultos adquirirem competências: as aprendizagens de adultos podem contribuir simultaneamente para a aquisição de competências e para sua integração nas transições gémeas. Para que tal aconteça, as aprendizagens devem ser adaptadas às necessidades e características dos adultos, o que ainda não acontece na maioria dos Estados-Membros da União Europeia.
Fontes: CESE e CEDEFOP