O estudo da OCDE aborda a tecnologia na educação e a forma como podem as tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA), blockchain*, robótica e outras, transformar a educação da mesma forma que estão a transformar a sociedade.
22-07-2021
O uso de tecnologias inteligentes para ajudar os alunos a aprender com mais facilidade e os professores a ensinar melhor é recente e abre novas possibilidades para a educação. O estudo mostra como estas tecnologias podem mudar a educação dentro e fora da sala de aula e apoiar a gestão de sistemas educacionais.
A tecnologia de aprendizagem adaptativa, como sistema de tutoria inteligente, permite a personalização da aprendizagem dos alunos, deteta o conhecimento ou as suas lacunas e diagnostica os passos adequados para a aprendizagem de cada um. Atua disponibilizando novos exercícios, novas unidades curriculares, ou apenas notificando o professor.
De acordo com o trabalho da OCDE, manter os alunos envolvidos e motivados é fundamental para a eficácia da aprendizagem. Um novo domínio do desenvolvimento de tecnologia concentra-se em medir o envolvimento e as intervenções para manter os alunos estimulados tanto em ambientes de aprendizagem digitais quanto físicos. Medir o envolvimento é difícil, mas uma série de novas abordagens automatizadas foram desenvolvidas, desde rastreadores oculares à monitorização e análise de outras características faciais.
Embora as tecnologias inteligentes focadas na personalização da aprendizagem sejam provavelmente as mais difundidas, outra abordagem é considerar o que acontece na sala de aula como o objeto da análise. Algumas destas técnicas disponibilizam aos professores retorno em tempo real, ajudando a gerir as transições de uma tarefa para a próxima, enquanto os alunos trabalham. Este retorno permite aos professores refletir e aprender com a sua prática.
A tecniologia também permite que alunos com necessidades especiais participem da educação tornando-a verdadeiramente inclusiva, com recurso a softwares já conhecidos, como voz para texto, texto para voz, legendas automáticas, etc.. A AI possibilita que alunos com deficiências visuais e auditivas participem de ambientes e práticas educacionais tradicionais. Algumas tecnologias inteligentes facilitam o diagnóstico e a solução para necessidades especiais e apoiam a aprendizagem sócio emocional dos alunos.
O estudo diz-nos também que os robôs sociais (vulgarmente chamados de bots) estão a ser cada vez mais desenvolvidos para usos de aprendizagem. Normalmente alimentados pelos sistemas de personalização atrás mencionados, apoiam os professores de diferentes maneiras: como instrutores ou tutores para indivíduos ou pequenos grupos, mas também como alunos pares, permitindo que os alunos "os ensinem". Os robôs de telepresença permitem que professores ou alunos ensinem ou estudem remotamente e oferecem novas possibilidades para os alunos que estão doentes e não podem assistir às aulas fisicamente.
Estas tecnologias inteligentes pressupõem e exigem um humano no circuito: o professor. O encadeamento de ações e decisões deve ser concebido como um continuum entre ações automatizadas e ações sobre as quais os humanos têm controle total. Os sistemas de Al devem permanecer híbridos e requerer intervenção humana.
Os sistemas de alerta precoce que identificam os alunos em risco de abandono do ensino são exemplo de uma boa aplicação dos microdados administrativos que são recolhidos pelos sistemas e organizações educacionais. Embora a identificação de um bom conjunto de indicadores de aviso prévio continue difícil, alguns sistemas têm mostrado precisão nas razões pelas quais os alunos desistem. Para evitar os riscos do perfil do aluno, é importante a existência de algoritmos abertos e transparentes.
Segundo o estudo, as tecnologias inteligentes também servem de suporte a avaliações baseadas em jogos para medir competências que não são facilmente mensuráveis por testes tradicionais como criatividade, colaboração e estratégia comportamental.
O estudo refere ainda a tecnologia blockchain* que abre novos caminhos para a educação e formação. Permite a validação de informações sobre um indivíduo ou instituição, incluindo as suas características e qualificações, instantaneamente e com grande fiabilidade. Ajuda a eliminar a fraude ao nível dos diplomas, facilita a movimentação de alunos e funcionários e capacita os indivíduos, dando-lhes maior controle sobre seus próprios dados.
O trabalho conclui que existem razões para acreditar que as tecnologias inteligentes podem contribuir para a eficácia, equidade e economia dos sistemas educativos. Ao mesmo tempo, existem alguns aspectos importantes das tecnologias inteligentes que devem ser recordados para melhor colher esses benefícios:
As tecnologias inteligentes são sistemas híbridos humano-Al. Deixando na mão humana as decisões importantes.
As tecnologias inteligentes apoiam os humanos de muitas maneiras diferentes, mas não são perfeitas. A transparência sobre a sua precisão e metodologia é um requisito importante.
A adoção de tecnologias inteligentes depende de uma proteção de dados robusta e de regulamentação da privacidade com base na avaliação de risco, mas também em considerações éticas onde não existe regulamentação.
A produção de evidências sobre o uso pedagógico eficaz de tecnologias inteligentes dentro e fora da sala de aula, bem como seus usos para fins de gestão de sistemas, devem ser financiados.
As tecnologias inteligentes têm um custo e uma análise de custo-benefício que deve orientar sua adoção, reconhecendo que as suas vantagens vão além das pecuniárias.
Aceda aqui ao estudo da OCDE.
* Blockchain é um sistema que permite o envio e recebimento de informação pela Internet. São pedaços de código gerados online e disponibilizados de forma distribuída e descentralizada que transportam informações ligadas entre si – como blocos de dados que formam uma corrente.
Fonte: OCDE